A construção identitária dos profissionais de educação [1]
Uilma Rezende da Silva
Universidade da Cidade de São Paulo-UNICID.
Esse artigo tem por objetivo discutir os aspectos essenciais para que aconteça uma educação de qualidade, observando o que vêm distanciando os professores da sua identidade docente frente os desafios encontrados hoje na escola.
Palavras-chave: identidade dos profissionais de educação, formação de professores.
This article aims to discuss the essential aspects that happen to a
quality education, noting that teachers come away from their teaching identity
facing the challenges faced today in school.
Keywords: identity of professional education, training of teachers
A identidade dos profissionais de educação está em
constante processo de mudança, e aprimoramento. É notável que esses profissionais não tem conhecimento científico das suas áreas
de atuação para que possam rever algumas ações relacionadas a prática, que
desfavorecem o processo de aprendizagem.
A sociedade moderna não tem a concepção do que significa sujeito, portanto
diante disso, não é capaz de conhecer e perceber o outro enquanto sujeito,
quando pensamos em identidade pensamos em algo que é construído a partir do
meio que vivemos com a experiência. Mas quando pensamos em corpo docente a identidade que é
vivenciada hoje no meio educacional não se apresenta de forma positiva
principalmente porque os profissionais não se veem como sujeitos, que significa
ser: livres, autônomos e responsáveis,
passando anos reproduzindo práticas vividas em outros momentos da história e
sem conseguirem refletir sobre a prática que acontece em sala de aula. Um dos
principais motivos para essa crescente aparece em relação as políticas públicas que encontramos
hoje na educação, em que os professores não estão preparados para uma educação que
pense no aluno como sujeito e isso a cada dia reflete na escola negativamente,
professores e alunos não veem função
alguma na escola, não acreditam que seja possível uma educação de qualidade que
favoreça o processo de aprendizagem.
Com tudo se faz necessário discutir hoje quais os principais motivos encontrados no âmbito educacional que desfavorece tanto os profissionais de educação em relação a sua identidade enquanto docente, e de que forma podemos favorecer as relações educacionais para que os profissionais encontrem uma maneira de construir uma nova identidade docente pensando na sociedade e na escola atualmente.
A educação sempre esteve em processo
de transformação, porém a partir do século XX essas mudanças passaram a crescem
ainda mais e com isso a escola foi perdendo a sua identidade tal como os
professores. A sociedade pós-moderna é marcada pelo grande avanço tecnológico e
também marcado pela arte, caracterizado por uma época de ruptura de algumas
práticas em educação passamos a observar a beleza estética, mas hoje percebemos
o individualismo ganha cada vez mais espaço, na prática pedagógica o
individualismo ainda está presente em muitos profissionais, mesmo falando sobre
o sujeito os professores ainda só se percebem como como indivíduos. Segundo Nóvoa (1999), os
professores ainda oscilam entre um individualismo na ação pedagógica e modelos
sindicais típicos de funcionários do estado. Entretanto, as duas representam
formas obsoletas de encarar a profissão, já que o empobrecimento das práticas
associativas tem consequências muito negativas para a profissão docentes.
Com isso a identidade docente está dissociada com a evolução educacional vivenciada nos países de primeiro mundo. A educação pós moderna tem o objetivo de identificar que somos inacabados, composto por identidades abertas e contraditórias, justificadas na indefinição de suas fronteiras. E Silva (2000) defende que é a diferença que origina a identidade a partir de um processo de diferenciação, pois ao afirmar que “sou”, estou definindo inúmeras possibilidades de “não ser. O sujeito é aquele que é capaz de conhecer a si mesmo, em busca de uma prática que construa conhecimento e seja baseada na autonomia, levantando hipóteses e consciente do seu papel para a educação.
Para tanto a educação deve ser voltada a libertação do homem tal como para sua emancipação, a escola deve ser voltada a construção de conhecimentos e os profissionais por não se reconhecem sujeitos não contribuem para essa transformação social, pois o ensino de melhor qualidade é aquele que cria possibilidade para a autonomia e não que favoreça a alienação e reprodução.
Os profissionais de educação foram perdendo a
vontade e o prazer de ensinar, e o processo de aprendizagem para alguns
profissionais de educação nunca foi importante, a educação sempre acabou se
preocupando com os conteúdos e transmissão de conhecimento e a pouco tempo vem
tentando discutir os fatores que interferem na não aprendizagem da criança. Com
isso podemos pensar que o primeiro problema em relação a identidade docente se
dá a partir da defasagem na educação básica em relação as práticas dos seus
professores, o que fez com que os profissionais de educação de hoje
reproduzissem aquilo que aprenderam da mesma forma sem atribuir nenhum
significado, essa defasagem foi persistindo até que esses alunos chegassem á
universidade para serem professores, demostrando tudo o que ficou de uma
educação básica mal aprendida, principalmente nos cursos de pedagogia,
identificando nos profissionais identidades reprodutoras ao invés de
emancipadoras. Nessa mesma direção, Nóvoa (1995) denuncia que a formação de
professores tem se baseado em dois modelos que se alternam constantemente: um
modelo acadêmico, centrado em conhecimentos científicos considerados
fundamentais, mas nos quais predomina a separação entre a teoria e a prática; e
um modelo prático, centrado no cotidiano das escolas e na aplicação de
metodologias, no qual a prática predomina sobre os aspectos teóricos. E esses
aspectos trazem a cada dia resultados de uma educação alienadora sem
perspectiva de transformação social.
A educação precisa ser pensada como algo a ser construída o tempo todo para isso Nóvoa diz que:
A formação não se constrói por acumulação (de recursos, de conhecimento ou de técnica), mas através de um trabalho de reflexividade sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso, é tão importante intervir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1992,p.25).
Para tanto a identidade dos profissionais de educação precisa ser construída a partir da experiência mas sendo aprimorada e transformada através da sua prática em sala de aula assumindo um papel formativo, preocupando se com a ética e estética no processo educativo pois a sensibilidade da arte na prática do professor é essencial para que a educação promova a construção do sujeito.
A
Educação hoje precisa de uma dimensão estética, pois a estética é aquilo que
fica, ou seja tudo que está além do que é explícito de uma imagem ou uma
situação, está diretamente relacionada com a sensibilidade percebendo o sensível na vida e acreditando
na beleza da arte, portanto a educação precisa ter esse lado sensível ou seja que tenha harmonia
entre as partes envolvidas que pense o processo de aprendizagem como belo que
crie possibilidades de entender o outro através da sensibilidade, preocupada
com a beleza exterior que existe nas coisas, no homem e nas relações humanas,
dessa forma a educação só seria perfeita quando respeitar a dignidade e
liberdade do ser humano.
Dessa forma o sujeito que é o que os profissionais de educação precisam ser se constroem também através da estética porque o sujeito é aquele capaz de se conhecer, e para observar o sensível das coisas e do processo de aprendizagem os profissionais precisam se reconhecem sujeitos, só assim será possível construir uma identidade diferente a partir do momento que os professores se reconheçam como sujeitos livres autônomos e responsáveis.
A construção identitária passa a ser um desafio pois a
educação hoje acontece de diversas formas. A internet e a educação digital tem
sido uma forte tendência educacional nos últimos anos e os educadores têm se
tornado cada vem mais omissos para ter espaço no mercado de trabalho, que
exigem profissionais que saibam de tudo e que estejam abertos a qualquer
experiência mas nos processos formativos precisamos promover a reflexão desses
educadores em relação a essas práticas
pois se os profissionais de educação não estiverem preocupados com uma educação quem estará? Pensando nisso é
necessário buscar um conhecimento científico da teoria para uma prática
aprimorada, não podemos estar abertos a tudo e aceitar o que a sociedade exige
precisamos em meio a esses desafios não terem nossas identidades destruídas
passando a serem reprodutores e submissos a uma sociedade capitalista
preocupada somente com bens materiais. A mudança na formação de educadores
ainda pode ser a esperança de uma educação preocupada em contribuir para a
identidade de sujeitos, pois se nós professores não estivermos certos e
conscientes do que queremos que contribuição podemos ter para aqueles que ainda
veem no professor um modelo a ser seguido?
Por isso a formação de professor precisa dar condições para que esses profissionais construam identidades reflexivas para que a prática em sala de aula favoreça uma educação libertadora. A transformação da educação começa na sala de aula e cada professor é capaz de fazê-la, a autonomia é dada para o professor o tempo todo em sua prática mas muitas vezes ele acha mais fácil reproduzir do que construir, pois cada um sabe como mudar as suas ações mais muitas vezes é mais fácil permanecer com as ações do que abrir-se para o novo e para um conhecimento científico em que a escola não dá condições e que só é possível no ensino superior.
Contudo precisamos acreditar que tudo muda e a educação também mudou ao longo da história, mas mudar depende de cada um e para que a mudança aconteça é necessário criar possibilidades de aprender com os outros e fazer uso da sociedade da informação de forma construtiva e não alienada como acontece em nossas escolas com profissionais que não são capazes de pensar sobre a sua prática e construir novos conhecimentos e que ficam anos estagnados.
REFERÊNCIAS:
CHARLOT,Bernard. Da relação com o saber. Porto Alegre: Artes Médicas,2000
RIOS,Terezinha Azerêdo Compreender e Ensinar: por uma docência de melhor qualidade.8°ed. São Paulo: Cortez 2010.
FREITAS, Verlaine. Adorno e a arte contemporânea. 2ª Ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2008.
NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA,
Antonio (org). Os professores e sua formação. Trad. Graça Cunha, Candida
Hespanha, Conceição Afonso e José António Sousa Tavares. Lisboa, Dom
Quixote, 1992, p.13-33.
Silva, Tomás Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
[1] Artigo Científico apresentado à Universidade Cidade de São Paulo, curso de Mestrado em Educação, como exigência parcial para conclusão de seminário temático: Leitura sobre a construção dos processos identitários dos profissionais de educação, sob orientação dos Professores: Ecleide, Potiguara e Margaréte. Novembro /2012.