Outra perspectiva contemporânea é o pragmatismo, um dos desenvolvimentos do empirismo que reconhece a inexistência de valores racionais e aponta para o engajamento pessoal em projetos que ofereçam a base valorativa para orientar a nossa atuação no mundo.
Essa perspectiva tem fortes ligações com a teoria crítica, mas diferencia-se dela porque o seu platonismo é muito reduzido. Enquanto as teorias críticas normalmente consideram que o seu engajamento tem um fundamento racional e objetivo, o pragmatista reconhece hermeneuticamente que o seu engajamento é sempre contingente, provisório e subjetivo.
Creio que essa perspectiva é adaptada a sensibilidades seduzidas pela idéia do relativismo e de um historicismo radical, mas que não são atraídas pelo aspecto meramente explicativo dos enfoques positivistas, por pretenderem desenvolver atividades que provoquem transformações na realidade.
Por reconhecer a inescapabilidade do trilema de Münchhausen, seria descabido que um pragmatista tentasse demonstrar a validade dos seus pontos de partida, mediante alguma espécie de fundamentação. Contudo, ele pode tentar persuadir outras pessoas a se engajarem no seu projeto, o que é feito por meio de estratégias retóricas de sedução, e não por argumentações demonstrativas de viés científico.
Se você se interessou por esse enfoque, busque textos de Richard Rorty, especialmente o debate dele com Habermas, que está contido no livro Filosofia, Racionalidade, Democracia.