O ensino de Língua de Sinais é considerado importante, nas escolas para surdos, porque está envolvido na construção de identidades surdas e no empoderamento da comunidade surda. Tal opinião se baseia especialmente no campo de estudos denominado Estudos Surdos e também no campo mais amplo dos Estudos Culturais. Os Estudos Culturais reconhecem a existência de diferentes culturas e os direitos das comunidades de manterem suas culturas.Se olharmos para a realidade brasileira, observa-se que a maioria das escolas de surdos não tem ensino de Língua de Sinais (LS), pois freqüentemente se pensa que ele não é necessário porque já existe comunicação em Língua de Sinais nas outras disciplinas. Outras escolas, ainda, têm a filosofia do Oralismo, por causa da tradição dessa filosofia ou da Comunicação Total. Algumas escolas que têm a filosofia do Oralismo ou da Comunicação Total “aceitam” a Língua de Sinais, mas na prática não usam ou usam pouco.Uma escola de surdos em Porto Alegre-RS começou a ter ensino de LS há aproximadamente 12 anos, e organizaram currículo só para 5º série do ensino fundamental em diante, até ensino médio, conforme a dissertação de Lunardi (1998). Há outras escolas que iniciaram antes este ensino, no início da década de 90, mas sem currículo estruturado.Levando em consideração escola como um ambiente inclusivo, penso que o sistema
educacional deve refletir e agir quanto a busca de meios em que os alunos surdos
possam ser inseridos na instituição escolar, dando-lhes condições para que estes
possam desenvolver o conhecimento por meio de sua língua (LIBRAS-Língua
Brasileira de Sinais). Desse modo, a Libras deve ser inserida como disciplina
obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do
magistério, em nível médio e superior, de instituições de ensino, públicas e
privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. Somente assim estaremos atentos às suas
diferenças culturais e linguísticas, já que a linguagem e língua são importantes
mecanismos de intermediação, nos quais podemos expressar todo conteúdo
histórico, cultural e representativo dos seres humanos.A linguagem planeja e regula as ações humanas, permite ao homem estruturar seu pensamento, traduzir o que sente, registrar o que conhece e comunicar-se com o outro. Ela marca o ingresso do homem na cultura, construindo-o como sujeito capaz de produzir transformações.A exposição a um ambiente linguístico é necessária para ativar a estrutura latente e para que a pessoa possa sintetizar e recriar os mecanismos linguísticos. É através da linguagem que a criança percebe o mundo e constrói a sua cognição.Rego (1994) em estudos de Vygotsky, mostra que o mesmo enfatiza que a linguagem é de extrema importância no desenvolvimento da criança. Ele vê a linguagem como imprescindível para o desenvolvimento humano, pois traz em si todos os conceitos elaborados pela cultura humana. Através dos estudos de Vygotsky pode-se perceber a importância das relações sociais e linguísticas no desenvolvimento da criança. A língua é um dos principais instrumentos de desenvolvimento dos processos cognitivos do ser humano e, evidentemente do seu pensamento. A escola é muito importante na formação dos sujeitos em todos os seus aspectos. É um lugar de aprendizagem, de diferenças e de trocas de conhecimento, precisando, portanto atender a todos sem distinção, a fim de não promover fracassos, discriminações e exclusões.Vários são os dispositivos legais que preveem organização especial de currículos, desenvolvimento de métodos, técnicas e recursos educativos, além de professores especializados e capacitados.Na educação das crianças surdas, a primeira língua deve ser a língua de sinais, pois possibilita a comunicação inicial na escola e a língua portuguesa escrita deveria ser ensinada aos surdos como segunda língua.Segundo Quadros (2006), dessa forma, a escola deveria apresentar alternativas voltadas às necessidades linguísticas dos surdos, promovendo estratégias que permitam a aquisição e o desenvolvimento da língua de sinais como primeira língua.O que se constata é que o ritmo de aprendizagem das crianças surdas e o seu desempenho acadêmico, não se trata de uma limitação impeditiva do processo de aprendizagem e sim, de uma característica decorrente das implicações impostas pelos bloqueios de comunicação devido à aquisição tardia da língua de sinais